sexta-feira, 2 de novembro de 2012

IV Seminário da Educação de São José

 Nos dias 29, 30 e 31 de outubro de 2012 aconteceu o IV Seminário da Educação de São José no Centro Multiuso, na Beira Mar de São José, Santa Catarina. Este teve como tema central "Currículo: democratização do conhecimento". Nas palestras e conferências foram apresentados temas como: avaliação escolar, conselho escolar, gestão democrática, política da educação integral no Brasil, educação inclusiva, pluralidade cultural, currículo como prática social e cultural, além de diversas oficinas e apresentações orais de temas variados na área da educação.

 
 A seguir seguem as projeções utilizadas em uma apresentação oral que fiz no dia 29, no CEM Maria Luiza de Mello para os professores da rede municicipal de ensino de São José.




























sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Caminho da interdisciplinaridade na escola de educação integral - uma experiência que está sendo construída.
Em primeiro lugar é importante que os profissionais da educação conheçam ou construam o currículo da educação integral. Neste caso, grupos de estudos serão necessários, planejamentos e muitas discussões a respeito das preocupações que envolvem o trabalho a ser desenvolvido na escola em tempo integral, com todos os profissionais que atuam com o mesmo grupo de alunos.
Como na escola em que trabalho a construção do PPP, do planejamneto anual e da proposta de trabalho estão sendo construidas concomitantemente com a implantação do programa da educação integral em tempo integral as dificuldades apresentam-se muito claras, pois são emergentes, precisam ser logo analisadas e solucionadas (dentro do que for possível).
Temos um horário semanal de planejamento, e hoje, com o entrosamento dos profissionais que estão juntos desde o começo do ano, conseguimos planejar atividades de maneira interdisciplinar. Temos um tema gerador, vários profissionais sugerem as atividades que podem ser realizadas, pensando nas diversas áreas de conhecimento que são trabalhadas no programa de educação integral. As atividades passam a ser organizadas de maneira que se uma complemente a outra e aborde o tema gerador na maioria das áreas de conhecimento (disciplinas tradicionais e as extra curriculares como: dança, música, artes visuais, filosofia).
Como ponto positivo já percebemos a parceria entre os professores ao trocar informações sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas e sobre a aprendizagem dos alunos. Estes por sua vez demonstram mais interesse e compreensão das atividades desenvolvidas, pois estão co-relacionadas nas diversas áreas de conhecimento. Quando possível, promovemos passeio de estudo que complemente o estudo  efetuado.
Trabalhamos a autonomia dos profissionais da educação quando oportunizamos que decidam o que e como trabalhar, dentre os conteúdos programáticos necessários para cada grupo de alunos. Nós, enquanto equipe pedagógica, coordenamos o processo pelo qual se desenvolverá as atividades, apoiando os professores no que for necessário. 
Nos momentos de planejamento e formação dos profissionais oportunizamos momentos de pesquisa e instigamos os professores a ampliar sua pesquisa.  
Um outro ponto positivo é que ao desenvolvermos um trabalho interdisciplinar, com um tema gerador, outros colegas da escola, profissionais ou não da educação, trazem contribuições, ideias do que ou como pode ser trabalhado com os alunos, complementando o trabalho.
Para ser mais clara vou citar o trabalho que está sendo desenvolvido neste momento no CEM São Luiz . As turmas de 1º ao 5º ano estão trabalhando as diversas culturas que influenciaram nossa cidade. Cada turma escolheu a cultura de uma região do mundo: alemã, italiana, africana, portuguesa, espanhola. Nos momentos de planejamento, as atividades foram programadas e organizadas para serem desenvolvidas neste bimestre, finalizando com uma exposição dos trabalhos concluidos, como uma feira de conhecimento. Desta forma todos os profissionais estão empenhados em pesquisar atividades variadas que podem enriquecer este trabalho. Os alunos ja estão percebendo o envolvimento dos professores, na sequencia das atividades trabalhadas. Ex: os professores de dança e de música estão trabalhando com cada turma de acordo com a cultura pesquisada, em parceria com os professores regentes. Os professores regentes das turmas de 1º ao 5º ano conversam sobre o que estão desenvolvendo com seus alunos e um dá sugestão para o outro. As turmas também interagem entre si, apresentando as atividades que estão sendo realizadas. Enfim, o trabalho está fluindo de maneira prazerosa para todos, assim como produtiva do ponto de vista pedagógico.
Resumindo, acredito que o caminho da interdisciplinaridade na escola de educação integral passa por várias etapas, ou melhor, necessita de alguns pré-requisitos:

  •  ter um grupo de profissionais comprometidos com o trabalho da escola, de preferência que tenham um vinculo com a mesma (efetivos, ou que estejam um certo tempo juntos)

  • tempo para formação dos profissionais, planejamento e pesquisa garantidos semanalmente

  • valorização dos profissionais, onde estes se sintam respeitados no ambiente em que trabalham

  • participação dos professores na gestão escolar, compartilhando os interesses 

  • condições para pesquisa, motivação pessoal e coletiva

  • trabalho em parceria, onde um perceba a importância do outro para melhor desenvolver seu trabalho.

  • conhecer a realidade da comunidade escolar,interesses, possibilidades e limites, antes de escolhar os temas geradores dos projetos, ou trabalhos
Quando um ou mais destes itens falhar, ou não ser efetuado, por infinitos motivos, o caminho será mais dificultoso e o resultado poderá ser comprometido, ou seja, o processo ensino-aprendizagem, a construção do conhecimento, saíra prejudicada. Resultando em profissionais da educação e estudantes desmotivados, irritados. 
 

 

 

 



 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Educação Integral e Currículo

CURRICULO, cultura e conhecimento escolar - O que seria importante considerar na perspectiva da Educação Integral?
Ao pensar na construção do currículo para a Educação Integral em escolas de tempo integral precisamos primeiro refletir sobre o que entendemos por educação integral.
De acordo com o que orientam as políticas públicas do MEC seria "a formação do indivíduo o mais completa possível". Esta definição é muito ampla e muito vaga ao mesmo tempo.
Para trabalhar a formação do ser humano em sua totalidade, precisamos contemplar a diversidade de culturas vivenciadas em nossa sociedade, assim como as diversas áreas de conhecimento e habilidades que podem emergir dessas áreas.
Quem conseguirá fazer esse trabalho e como isso acontecerá?
O que percebemos nas escolas que trabalhamos é que os professores estão se sentindo cada vez menos preparados para trabalhar. A dificuldade em lidar com problemas de falta de interesse, de limites,  de apoio familiar, de assistência social e psicológica aos estudantes, tem feito muitos professores refletir muito sobre sua profissão.
Podemos contruir um currículo lindo, que tenha como base a participação da criança  e de seus familiares nas decisões escolares, valorizando o conhecimento da comunidade escolar, buscando trazer para a escola diversos saberes da sociedade em geral, diversificando e ampliando as oportunidades de conhecimento através de aulas criativas, como aula passeio, visita a museus, teatro, áreas comerciais, enfim, podemos ter a melhor das intenções ao estudar e escrever o currículo para a educação integral. Porém o mais difícil é trabalhar, ou estar preparado para trabalhar as relações inter pessoais, os problemas de baixa autoestima, o sentimento de abandono, a desproteção, a carência afetiva, a agressividade, entre outros problemas que enfrentamos cotidianamente em nossas escolas.
Trabalhar o multuculturalismo é muito interessante; a diversidade de saberes traz em si muita aprendizagem para todos. Porém, o professor se vê despreparado para lidar com a complexidade de vivências que o estudante traz para sala de aula.


Ao assistir o filme "Escritores da liberdade" pude refletir sobre várias situações que vivenciamos na escola em que trabalho, que iniciou com a educação integral neste ano, ampliando a jornada escolar de 4 para 9 horas diárias, com as crianças do 1º ao 3º ano do ensino fundamental.
" Que responsabilidade estamos assumindo!"


Nossas crianças vem de famílias humildes, onde os responsáveis possuem pouco conhecimento escolar, ou seja, muitos pais são analfabetos, ou se dizem incapazes de auxiliar os filhos por falta de conhecimento, de paciência ou de tempo, por necessitar estar fora de casa por muitas horas para trabalhar. Muitas crianças convivem num ambiente familiar agressivo, alguns sofrem maus tratos. A escola sente falta de apoio para lidar com tais problemas, apesar de solicitar ao conselho tutelar, serviço de assistência social e de saúde do município, além da própria secretaria de educação.


Começamos o ano com a Formação dos professores que foram contratados para trabalhar com a educação integral. Eu, enquanto Orientadora educacional e participante da coordenação pedagógica da escola, senti-me angustiada com a construção do currículo destas turmas. Perguntávamos no grupo de estudo: Como será o dia destas crianças na escola? Que espaços serão destinados a elas? Como será para o professor regente ficar o dia todo responsável por este grupo de crianças? Como e o que incluir na rotina destas crianças?...
O que mais foi debatido na escola e nas reuniões da secretaria da educação do município foi a questão da alimentação destas crianças. Quantas refeições receberão? Em quais horários?  Temos um espaço propício para que estas crianças possam fazer suas refeições de maneira digna? Como fica a questão nutricional? Como será trabalhada a higiene destas crianças antes e depois das refeições? ...


Outra questão muito debatida entre os profissionais que trabalham com as crianças da educação integral foi o horário do almoço. O intervalo entre os dois turnos escolares, na qual o professor regente não está com sua turma. As crianças irão fazer o que depois do almoço? Elas precisam se descontrair, brincar, descansar...Irão brincar livres pela escola? Em que espaço? Elas precisam descansar do que, para que? Onde e como será oferecido este momento de descanso?
Neste momento aconteciam muitos atritos entre os alunos por estarem mais livres, com monitores que apenas os observavam ou, pouco interagiam com eles.


As professoras queixavam-se que ao retornar o trabalho com a turma, tinham que resolver os conflitos, sentiam dificuldade de desenvolver as atividades propostas por problemas de desinteresse e agitação das crianças.


Além das disciplinas tradicionais que compõe o currículo dos anos iniciais foram incluídas aulas de filosofia, inglês, música, artes visuais, xadrez e dança em horários intercalados durante o dia. Os profissionais que trabalham nestas áreas são todos formados em nível superior de acordo com a área que atuam e participam dos encontros de planejamento e formação oferecidos pela escola e pela secretaria da educação nas quartas-feiras a tarde.
Agora surge um grande desafio: como trabalhar a interdisciplinaridade com tantas áreas de conhecimento? Cada turma tem em média 8 professores. Buscamos temas que estão relacionados ao processo de alfabetização, que despertam o interesse das crianças, que respeitam suas vivências e valorizem suas conquistas.


Preocupo-me muito com a necessidade e o direito da criança de "ser criança", de brincar, de ter momentos de fantasia, de criar, de construir seus próprios brinquedos e brincadeiras, de ganhar atenção e carinho,  de ser cuidada, de sentir-se protegida e amparada. Deparo-me com situações de desconforto quando vejo uma criança de 6 ou 7 anos sendo questionada porque brincou na sala ao invés de fazer os exercícios propostos pela professora, "porque desta forma não vai aprender a ler e escrever"! (fala esta dos profissionais e dos pais) Sinto-me angustiada quando vejo os professores preocupados porque não conseguem dar aula, em função da falta de limites dos alunos, do desrespeito, do desinteresse. Assim como, fico ansiosa pela presença dos pais na escola para fazermos um trabalho em parceria, buscando atender as necessidades de cada criança em particular e não tenho retorno, ou seja, sinto a ausência desta parceria. 


Como pensar num currículo para educação integral sem pensar nestas situações vivenciadas cotidianamente. Estamos na metade do ano. Professores e alunos estão cansados. Alguns até esgotados. A cada dia que passa percebo que as crianças gostam da escola, de estar na escola, porém demonstram resistência ao processo de ensino-aprendizagem, às atividades pedagógicas. Percebo que os professores tem boa vontade, interesse em desenvolver um bom trabalho, mas sentem-se despreparados para tanta exigência, tanta responsabilidade, pois agora, os professores regentes precisam também se preocupar se a criança está se alimentando direito, está fazendo a higiene adequadamente, relaciona-se bem com os colegas, está feliz no ambiente escolar, está desenvolvendo suas habilidades. E quando encontramos respostas negativas, o que fazer? A quem recorrer?


Quando afirmamos que a escola é um espaço de humanização, de relações grupais, de troca de experiências, de multiculturalismo, precisamos lembrar que isto acontece com todos os seus agentes. Os profissionais que ali atuam estão em constante processo de adaptação e aprendizagem, visto que muitos a cada ano trocam de escola e experienciam realidades diversas.


Quando afirmamos que é importante respeitar o tempo de aprendizagem, isso serve para todos que estão na escola. Precisamos aprender a nos conhecer, conhecer quem está ao nosso redor, conhecer o espaço em que atuamos e as possibilidades de usufruir e atuar neste espaço.


Deparei-me com uma questão para refletir apresentada em sala, na pós graduação, na disciplina de currículo que penso ser muito instigante: Podemos trabalhar na escola, com um conhecimento problematizador e crítico?
Acredito que fazemos isso continuamente. Quando não fazemos, acredito que seja porque nos faltou "bagagem cultural" para trabalhar determinado conhecimento.


Exemplo: Como trabalhar questões de agressividade física e verbal entre crianças de 6 a 10 anos, que vivenciam situações desse tipo em seus lares? Como trabalhar questões de sexualidade com esta faixa etária, sabendo que estas crianças presenciam cenas impróprias para sua idade?  Como trabalhar questões de saúde e higiene com crianças que não tem condições mínimas de saneamento básico, nem banheiro em casa?


Sonhamos com um CURRICULO INOVADOR, com uma EDUCAÇÃO INTEGRAL real, de todos os cidadãos brasileiros, com PROFISSIONAIS valorizados e respeitados.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Currículo, cultura e conhecimento escolar

O que eu considero relevante sobre currículo, cultura e conhecimento escolar?
Previamente, quando pensamos em currículo escolar lembramos dos conteúdos programáticos, da grade curricular, da divisão e particularidade das disciplinas escolares, em cada fase escolar. Com a análise e estudo referente ao currículo passamos a entender que este vai além da organização dos conteúdos transmitidos. Precisamos pensar nas intenções desta organização, ou seja, no porque desta seleção de conteúdos. Lembramos das intenções, do que não é dito, mas expresso intuitivamente ao se trabalhar determinados temas, lembramos também a maneira que estes assuntos são repassados, as metodologias de ensino, o tempo e o espaço destinado a diferentes disciplinas, a organização das turmas de estudantes, enfim analisamos o currículo que não é escrito ou falado, o currículo oculto.
Quando pensamos na palavra cultura, pensamos nos conhecimentos culturais, sociais, conhecimentos estes que podem ser populares ou científicos. A escola prioriza através do currículo, o conhecimento científico, a alta cultura. No currículo escolar faz-se uma seleção da cultura que se deseja trabalhar com os estudantes, para isso tem-se alguns critérios de seleção. Nesta seleção observamos as relações de poder, ou seja, por que determinada cultura é valorizada mais enfaticamente. Refletimos sobre a influência da cultura europeia na construção do currículo brasileiro.
Discutimos a importância de compreender o conhecimento escolar, como a junção do conhecimento popular com o conhecimento científico. Partimos dos conhecimentos dos alunos, das suas experiências de vida, porém precisamos ter o cuidado para não simplificar o conhecimento, ou seja, trabalhar o mínimo, somente estudar o que está próximo do estudante, pensando que os mesmos não compreenderão além disso. Quando se fala em partir do conhecimento do aluno, estamos falando do início do processo, porém é necessário ampliar o conhecimento trazendo referenciais novos, conhecimentos das diversas áreas, buscando fazer a análise dos temas abordados em sala. O estudante precisa estabelecer um significado para cada área do conhecimento, para a partir daí, poder compreender o que está sendo dito e fazer suas análises e críticas.
Ao fazer a análise dos livros didáticos utilizados nas escolas, observamos o que está escrito, ou seja, os conteúdos apresentados, mas também podemos verificar através das imagens, da organização dos textos e exercícios, da repetição de determinados temas, as intenções curriculares. O estudante ao manusear um livro primeiramente visualiza as imagens, as formas de apresentação do material, as letras coloridas, maiores, depois é que o mesmo vai verificar os temas abordados, o conhecimento explícito. A forma com que o professor vai trabalhar os temas e a criticidade pelo material impresso deve também ser analisado. 
De acordo com Sacristan (1997) a cultura escolar vai além dos conhecimentos, da cultura intelectual, pois agrega a educação moral, atitudes, entendimento de mundo. Desta forma a cultura escolar perpassa também pelo conhecimento popular, pelas relações entre os agentes curriculares, pela organização do ambiente escolar.
A seleção cultural dos conteúdos e a legitimação dos saberes são fatores importantes na constituição da cultura escolar, pois delimitam o que é mais valoroso na construção do conhecimento.
Pensando assim o conhecimento escolar é tudo aquilo que se aprende na escola, o que está implícito e explícito no currículo.
Para que este conhecimento seja o mais objetivo possível precisamos superar o senso comum de que o que vale a pena ensinar na escola é o conhecimento científico e admitir a pluralidade de conhecimentos, ou seja, não podemos valorizar mais um determinado conhecimento do que outro, mas precisamos aprender a complementá-los, relacioná-los entre si. Buscar a medida certa, não desvalorizando nenhum tipo de conhecimento, nem enaltecendo. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O currículo como política cultural: Henry Giroux


                       APRESENTAÇÃO DO PPT NA AULA DO  DIA 01 DE JUNHO









Referência:
SILVA. Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade, uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 51 - 56.

Experiência profissional relacionada a construção do currículo da Educação Integrall

 - EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL EM SÃO JOSÉ - CEM São Luiz

Com o intuito de ampliar o conhecimento cultural das crianças, nas turmas que participam da Educação Integral em tempo integral nas escolas do município de São José, o currículo foi ampliado com aulas de xadrez, artes visuais, dança e música. Os profissionais contratados para trabalhar nestas áreas são formados em nível superior de acordo com a área que atuam - Educação Fisica, Artes visuais e /ou cênicas. As aulas são planejadas em parceria com as professoras regentes com o intuito de desenvolver um trabalho interdisciplinar, em volta de um tema gerador.





CURRÍCULO E CULTURA – limitações e desafios para a educação integral

Quando conceitua-se a educação integral como a “educação o mais completa possível” precisamos lembrar de todos os aspectos que integram uma pessoa, físico ou, biológico, cognitivo, psicológico, social ou cultural.
Ao construir o currículo da educação integral todos esses aspectos devem ser contemplados e discutidos com igual importância. Como não temos um currículo fechado, podemos decidir coletivamente quais temas deverão contemplar cada fase de desenvolvimento, dentre as áreas de conhecimento, com as quais trabalhamos.
Na escola em que trabalho discutimos nos encontros de planejamento e formação dos professores temas que devem dirigir o planejamento anual. Trabalhamos com projetos de trabalho, onde o tema escolhido foi Ética e Cidadania, tendo em vista a necessidade de trabalhar com os estudantes a identidade do grupo, direitos e deveres, o respeito ao grupo de convívio, ao espaço escolar, diversidade étnica e cultural, o reconhecimento do espaço vivido (bairro, município, estado, país), quem nos representa nestes espaços, como reivindicar nossos direitos, enfim, buscamos selecionar temas que fazem com que o estudante se perceba parte da sociedade, iniciando pelo espaço escolar e depois trabalhando o que está ao nosso redor. Buscamos trabalhar com as crianças e adolescentes a importância de manifestarem seus pensamentos, dúvidas, desejos, etc.
Sentimos a dificuldade de trabalhar em parceria com as famílias, pois os pais ou responsáveis dos estudantes não costumam participar dos encontros de reuniões e escola de pais. A vida corrida dos pais em função do trabalho, ou a desvalorização do trabalho escolar tem prejudicado esta parceria.
Com a permanência da criança e adolescente durante nove horas diárias na escola, podemos trabalhar vários aspectos do seu dia, como por exemplo, a alimentação: o que devemos comer, em que quantidade, como se servir e se portar num ambiente coletivo, hábitos de higiene, saúde, entre outros temas. Nos horários de lazer, livre, no pátio, aproveitamos para ver e trabalhar questões de relacionamento, brincadeiras e jogos coletivos, assim como, para conversar com as crianças e adolescentes sobre temas livres, seu dia a dia; nestes momentos conseguimos nos aproximar dos alunos com o objetivo de conhecê-los melhor.
Outra dificuldade encontrada diz respeito a parceria com a área da saúde e a responsabilidade dos pais em procurar atendimento às crianças e aos adolescentes em suas necessidades físicas e psicológicas. Muitas crianças apresentam problemas de saúde e não são atendidas, desde problemas de baixa imunidade, de visão, audição, fonoaudiológica e psicológica. Hoje as crianças que apresentam deficiência comprovada recebem um professor a mais na sala, são atendidas em sala de recursos, de apoio pedagógico, e fazem acompanhamento com especialistas diversos de acordo com suas necessidades. Porém as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem ainda não são atendidas. Estes ficam passando por situações delicadas em sala, que diminuem sua auto-estima, que os inferiorizam por não conseguir atender as expectativas de pais e professores. Ao se buscar recursos para melhor trabalhar com estas crianças ainda encontramos o problema da burocracia de encaminhamento para um atendimento especializado, no caso, com médicos ou psicopedagogos, fonoaudiólogos.
A escola sente-se responsável pela aprendizagem de todas as crianças e adolescentes, porém, não podemos nos responsabilizar por tudo; o estado e a família também tem que fazer a sua parte, como a própria Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente afirmam.  
Preocupamo-nos com a situação da Educação Integral quando se diz respeito a permanência da criança por tantas horas na escola. A escola está assumindo a parte da alimentação da criança, dos hábitos de higiene, de relacionamento, de convívio social, de troca de conhecimentos, enfim com a aprendizagem como um todo. Agora já ouvimos discussões do tipo: necessidade das crianças tomar banho, ir ao médico, ao dentista, tomar remédios, fazer tratamentos de saúde... Será que os professores acabarão tendo que se responsabilizar por esses atendimentos também? Isso também vai fazer parte do currículo escolar? Hoje a escola está assumindo a parte da família de educar as crianças, dos limites, direitos e deveres. Muitas famílias delegam a escola a trabalhar o respeito, a afetividade, que seriam base da educação de todas as crianças. O que mais nos espera?

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Agentes Curriculares e a Educação Integral

LUGAR DOS AGENTES CURRICULARES - IMPLICAÇÕES PARA UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL - Quais limitações e quais possibilidades?

De acordo com o que discutimos nas aulas sobre as origens do currículo escolar, compreendi que os agentes curriculares, entendidos aqui como, os educadores, os estudantes, a mídia, os pesquisadores, exercem um poder na construção do currículo. De acordo com seus interesses, crenças e ideologias o currículo será abordado e trabalhado na prática.

Para construirmos um curriculo para Educação Integral, precisamos ouvir todos os seus agentes, entendendo aqui por agentes a comunidade escolar: pais, estudantes, profissionais da escola, secretaria da educação regional (município, estado, federal). Precisamos conhecer melhor as políticas públicas que orientam a implantação da educação integral, como no caso dos textos base do Programa Mais Educação, conhecer a história da educação de nosso país, para poder compreender os reais motivos desta implantação.

A maior dificuldade é unir o pensamento de todos. Como fazer isso? Que tempo e espaço temos para discutir, estudar. O processo de implementação da Educação Integral está acontecendo nas redes de ensino, mas será que está sendo discutida a construção do currículo? Quem está discutindo? O que está sendo discutido? O que se entende por currículo e como se processa a construção deste?

Posso falar do que está acontecendo na escola que trabalho, que iniciou com a Educação Integral em tempo integral neste ano com os três primeiros anos do Ensino Fundamental. Temos um dia na semana para trabalhar com os professores formação e planejamento. Nestes encontros estudamos as orientações da implantação da educação integral, pelo governo federal e a proposta do município de São José. Temos discutido sobre o tempo e o espaço destinado as atividades escolares, assim como, para o lazer e descanso das crianças. Refletimos sobre a importância da integração das disciplinas ou das áreas de conhecimento, tendo em vista que estas estão se ampliando, pois foram introduzidas aulas de filosofia, artes visuais, música, dança e xadrez no currículo da educação integral, além do inglês e educação física, juntamente com as disciplinas tradicionais. Os professores regentes tem questionado sobre a dificuldade de integrar tantas áreas de conhecimento. Além disso também discutimos o desgaste para professores e alunos a permanência de 9 horas no ambiente escolar. Muitos familiares das crianças tem apresentado queixa sobre a obrigação de permanecer tanto tempo na escola. Alguns profissionais que trabalham na escola ainda não compreenderam o objetivo desta ampliação do tempo escolar. Muitas pessoas associam o programa da Educação Integral apenas com o assistencialismo - mais alimentação e proteção estando no ambiente escolar.
Com os professores temos discutido formas diversas de trabalhar o conhecimento, buscando conhecer a história das crianças, seus interesses e dificuldades, para a partir dai fazer os planejamentos.
Elencamos os conteúdos que deveriam ser trabalhados em cada ano/turma. Escolhemos um tema gerador para escola, não só para a Educação Integral, pois temos que lembrar que a escola é única, apesar de trabalhar com programas diferenciados (Educação Integral, Ensino Fundamental Regular, EJA, Programa Mais Educação). Sentimos ainda a dificuldade de integrar o conhecimento, mas estamos nos esforçando para que isso possa acontecer.

Reflexão sobre as políticas curriculares



Como me posiciono diante da política curricular em vigor para a Educação Básica ?

                        "Tudo o que fazemos na escola faz parte do currículo."

Para responder esta pergunta analiso a frase acima, levando em consideração que o currículo é uma política, composto por atos intencionais, onde são apresentados a finalidade da escola e a sua função social, desta forma, precisamos ter clareza de nossas ações com nossos colegas, profissionais da educação, assim como, com os estudantes, de nossas posturas perante o que nos é imposto, por instâncias superiores, como no caso das políticas públicas.
Faz-se necessário refletirmos sobre os reais motivos que estão implícitos nestas políticas, e discutirmos nas escolas de que forma estamos agindo e iremos agir.

Nas escolas em que já trabalhei e na que atualmente trabalho discutimos nas reuniões de planejamento sobre os conteúdos curriculares, sobre a avaliação, sobre as dificuldades de aprendizagem, sobre o descaso das famílias perante a educação de seus filhos, sobre a falta de parceria com outros setores responsáveis pela criança e adolescente, como Conselhos Tutelares, setor de Assistência Social, área da saúde, entre outros, porém deixamos de discutir e aprofundar o papel real da escola, sua função na sociedade.

Com a implantação da Educação Integral no município de São José temos discutido bastante em reuniões com a Secretaria da Educação e com os professores na escola, sobre o que entendemos por Educação Integral, sobre o que queremos com esta nova modalidade da educação, levando em consideração a  ampliação do tempo escolar como motivo de repensar o que estávamos fazendo, o que precisamos mudar ou inovar nas escolas para que esta nova proposta de educação seja trabalhada com seriedade e compromisso por todos.

Sentimos a dificuldade de unir a teoria com a prática, o que se diz e o que realmente acontece. Muitos professores estão desmotivados com as promessas apresentadas pelo governo que acabam não sendo cumpridas. Acabam muitas vezes, em seus planejamentos fazendo a mesma coisa: descrevem um trabalho que não acontece na prática, minimizando o conhecimento dos estudantes.

As intenções das politicas públicas para a implantação Educação Integral parecem boas, pensam no sujeito, na sua qualidade de vida, na qualidade da aprendizagem, mas falta clarear a forma como tudo isso vai ou pode acontecer. Falar sobre a importância da "integração dos conhecimentos para superar a fragmentação através de projetos interdisciplinares" trazendo o conceito de CURRICULO EM REDE, como nos propõe a resolução 07 do CNE de 2010 é muito interessante, mas não é novidade no discurso. O problema está na viabilização desse processo. Para haver integração é preciso ter tempo para discutir as temáticas trabalhadas na escola, organizar o que cada professor poderá trabalhar nessa temática, ter tempo de estudo em grupo, para conhecer novas metodologias de trabalho como nos propõe as tecnologias, mas esse tempo não existe nas escolas. Muitos professores mal se conhecem, mal sabem a disciplina que o colega trabalha.

Quando se fala do espaço escolar então surgem outras problemáticas: sabemos que mais tempo na escola requer mais atividades que contemplem as diversas áreas de conhecimento. Porém, precisamos de espaços interessantes para poder cativar a atenção dos estudantes, precisamos de espaços adequados para alimentação, para recriação, para o esporte e demais atividades trabalhadas no ambiente escolar. As políticas públicas falam da importância desses espaços, mas não dizem como estes serão viabilizados.

Os artigos 36 e 37 da resolução 07 do CNE de 2010 tratam da EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL e abordam o currículo da seguinte forma:

 " O currículo da escola de tempo integral, concebido como um projeto educativo integrado, implica a ampliação da jornada escolar diária mediante o desenvolvimento de atividades como o acompanhamento pedagógico, o reforço e o aprofundamento da aprendizagem, a experimentação e a pesquisa científica, a cultura e as artes, o esporte e o lazer, as tecnologias da comunicação e informação, a afirmação dos direitos humanos, a preservação do meio ambiente, a promoção da saúde, entre outras, articuladas aos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, a vivências e práticas socioculturais."

Este currículo parece muito interessante, rico de conhecimentos, porém inviável em nossas escolas. Cito um simples exemplo: como trabalhar as tecnologias de comunicação e informação sem ter computadores disponíveis aos alunos e professores para pesquisa, para produção de trabalhos midiáticos?

Acredito que a proposta da Educação Integral tem um bom embasamento e pode contribuir muito com o desenvolvimento de nossa sociedade, porém ainda não vejo mudança nas escolas para que isso possa realmente acontecer. Precisamos de mudança na área física da escola, mas também na concepção de educação e de aprendizagem dos profissionais da escola e dos familiares dos estudantes.

Foi muito válido as discussões em sala nas aulas de Currículo, sobre as experiências de escolas no material Redes de Aprendizagem. Ali pude conhecer exemplos de trabalhos de parceria com a escola que deu certo, assim como a utilização de espaços de forma diversificada na escola, formas de organizar o tempo escolar transformando-o num tempo prazeroso e produtivo, enfim pude compartilhar com os colegas da especialização dúvidas sobre as metodologias de trabalho que podem ser efetuadas nas escolas e que já aconteceram e são citadas como exemplos de êxito na educação.

 

Assistente de Navegação

Se você não está encontrando o que procura, diga o seu perfil e escreva o que deseja. Nós te ajudaremos a encontrar!
Preciso de ajuda
Não preciso de ajuda Não oferecer mais ajuda

sexta-feira, 27 de abril de 2012

"Que saberes vão à escola?"


Educação Integral ...
De mãos dadas, construindo conhecimentos. Em busca de uma educação inclusiva, integrada e integradora de diversos saberes.

               Reflexões sobre Currículo

"Que saberes vão à escola?"
"Quem são os sujeitos com as quais a escola trabalha?"
"Quais são os espaços e o tempo utilizados para produzir conhecimento?"
"Como são os conhecimentos escolares? Estes são construídos, produzidos coletivamente ?

Discutimos em sala sobre as políticas curriculares para a Educação Básica e a Educação Integral.

Iniciamos fazendo uma análise do projeto educativo para a Educação Básica e suas implicações curriculares a partir das Resoluções nº 4 e nº 7 do Conselho Nacional de Educação de 2010.

Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010
Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica

Resolução CNE/CEB nº 7, de 14 de dezembro de 2010
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.

Percebemos o quanto as dimensões do educar e do cuidar estão relacionadas com o currículo apresentado nestas resoluções, sendo este o foco principal da qualidade da educação.

Apesar de ser uma visão assistencialista a questão do cuidar relacionada a educação, percebemos nas atuais conjunturas que precisamos também trabalhar nas escolas os direitos das crianças e adolescentes, sendo que além de trabalharmos o bem estar psíquico e social, devemos trabalhar também a importância do direito da participação ativa no ambiente escolar, na troca de conhecimentos. Precisamos dinamizar o Currículo.



Texto de apresentação pessoal


EDUCADORES QUE ACREDITAM NO QUE FAZEM.

                      TEXTO DE APRESENTAÇÃO PESSOAL

Eu, Cris Regina, atuo como educadora desde 1994, ano este em que me formei no Ensino Médio, no curso do Magistério – Séries Iniciais, pela rede estadual de ensino de Santa Catarina.
De 1994 a 2006 trabalhei com turmas da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental em escolas da rede privada da grande Florianópolis.
Em 1999 me formei no curso de Pedagogia, com especialização em Orientação Educacional, na UDESC. Em 2003 me efetivei como Orientadora Educacional na Prefeitura de São José, onde atuo até hoje. Neste ano estou tendo a oportunidade de vivenciar a implantação da Educação Integral em período integral, ou escola de tempo integral, sendo que, a escola que trabalho já participa do Programa Mais Educação desde 2009. Trabalho no CEM São Luiz, que localiza-se no bairro São Luiz (Morro do Avai). Esta escola iniciou este ano com a Educação Integral com as turmas de 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental.
 Acredito que este curso de especialização irá contribuir muito na minha formação, assim como no cotidiano de meu trabalho, na escola em que estou trabalhando, pois precisamos montar o currículo da educação integral, assim como toda a organização da escola, para efetuar um trabalho digno de ser apresentado como pioneiro na rede municipal e de cidades vizinhas.
Enquanto educadora desejo dedicar-me o máximo possível para registrar resultados positivos do nosso trabalho, para que este possa servir de estimulo as demais redes, que desejam implantar o sistema de educação integral nas escolas da rede pública, porque acredito que estamos no caminho certo, para assegurarmos uma educação de qualidade a todos os estudantes.

Concepções de Currículo

Concepções de Currículo - Ideias Gerais

Em nosso primeiro encontro sobre Currículo, no dia 27 de abril, trabalhamos em grupos e discutimos sobre o que entendiamos sobre Currículo.
O grupo a qual eu pertencia destacou as seguintes itens:
 - Currículo visto como : Guia, organização das áreas de conhecimento, instrumento norteador.
                                        Traz em si uma intencionalidade.
                                        Expressa o que somos, o que queremos, o que entendemos da realidade (presente, passado, futuro).
                                        Tudo o que fazemos na escola faz parte do currículo: os saberes, o tempo e o espaço, os sujeitos e suas relações.
                                        Não temos um currículo nacional, temos um currículo mínimo.

Após a apresentação de todos os grupos percebemos que as concepções de Currículo eram parecidas.

Reflexão do dia:  Devemos buscar fazer um novo currículo nas escolas que trabalhamos, mais dinâmico, vivo, ENCANTADOR. Será através do encantamento pela educação, pelo processo de ensino-aprendizagem que conseguirmos trabalhar com mais significado.
 Precisamos de Educadoes encantados pelo que fazem, que acreditam em seu trabalho, que podem fazer a diferença...
 Precisamos encantar os alunos, trabalhar a partir de seus interesses, aguçando sua curiosidade e vontade de descobrir coisas novas, amplar seus conhecimentos...