sexta-feira, 8 de junho de 2012

O currículo como política cultural: Henry Giroux


                       APRESENTAÇÃO DO PPT NA AULA DO  DIA 01 DE JUNHO









Referência:
SILVA. Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade, uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 51 - 56.

Experiência profissional relacionada a construção do currículo da Educação Integrall

 - EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL EM SÃO JOSÉ - CEM São Luiz

Com o intuito de ampliar o conhecimento cultural das crianças, nas turmas que participam da Educação Integral em tempo integral nas escolas do município de São José, o currículo foi ampliado com aulas de xadrez, artes visuais, dança e música. Os profissionais contratados para trabalhar nestas áreas são formados em nível superior de acordo com a área que atuam - Educação Fisica, Artes visuais e /ou cênicas. As aulas são planejadas em parceria com as professoras regentes com o intuito de desenvolver um trabalho interdisciplinar, em volta de um tema gerador.





CURRÍCULO E CULTURA – limitações e desafios para a educação integral

Quando conceitua-se a educação integral como a “educação o mais completa possível” precisamos lembrar de todos os aspectos que integram uma pessoa, físico ou, biológico, cognitivo, psicológico, social ou cultural.
Ao construir o currículo da educação integral todos esses aspectos devem ser contemplados e discutidos com igual importância. Como não temos um currículo fechado, podemos decidir coletivamente quais temas deverão contemplar cada fase de desenvolvimento, dentre as áreas de conhecimento, com as quais trabalhamos.
Na escola em que trabalho discutimos nos encontros de planejamento e formação dos professores temas que devem dirigir o planejamento anual. Trabalhamos com projetos de trabalho, onde o tema escolhido foi Ética e Cidadania, tendo em vista a necessidade de trabalhar com os estudantes a identidade do grupo, direitos e deveres, o respeito ao grupo de convívio, ao espaço escolar, diversidade étnica e cultural, o reconhecimento do espaço vivido (bairro, município, estado, país), quem nos representa nestes espaços, como reivindicar nossos direitos, enfim, buscamos selecionar temas que fazem com que o estudante se perceba parte da sociedade, iniciando pelo espaço escolar e depois trabalhando o que está ao nosso redor. Buscamos trabalhar com as crianças e adolescentes a importância de manifestarem seus pensamentos, dúvidas, desejos, etc.
Sentimos a dificuldade de trabalhar em parceria com as famílias, pois os pais ou responsáveis dos estudantes não costumam participar dos encontros de reuniões e escola de pais. A vida corrida dos pais em função do trabalho, ou a desvalorização do trabalho escolar tem prejudicado esta parceria.
Com a permanência da criança e adolescente durante nove horas diárias na escola, podemos trabalhar vários aspectos do seu dia, como por exemplo, a alimentação: o que devemos comer, em que quantidade, como se servir e se portar num ambiente coletivo, hábitos de higiene, saúde, entre outros temas. Nos horários de lazer, livre, no pátio, aproveitamos para ver e trabalhar questões de relacionamento, brincadeiras e jogos coletivos, assim como, para conversar com as crianças e adolescentes sobre temas livres, seu dia a dia; nestes momentos conseguimos nos aproximar dos alunos com o objetivo de conhecê-los melhor.
Outra dificuldade encontrada diz respeito a parceria com a área da saúde e a responsabilidade dos pais em procurar atendimento às crianças e aos adolescentes em suas necessidades físicas e psicológicas. Muitas crianças apresentam problemas de saúde e não são atendidas, desde problemas de baixa imunidade, de visão, audição, fonoaudiológica e psicológica. Hoje as crianças que apresentam deficiência comprovada recebem um professor a mais na sala, são atendidas em sala de recursos, de apoio pedagógico, e fazem acompanhamento com especialistas diversos de acordo com suas necessidades. Porém as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem ainda não são atendidas. Estes ficam passando por situações delicadas em sala, que diminuem sua auto-estima, que os inferiorizam por não conseguir atender as expectativas de pais e professores. Ao se buscar recursos para melhor trabalhar com estas crianças ainda encontramos o problema da burocracia de encaminhamento para um atendimento especializado, no caso, com médicos ou psicopedagogos, fonoaudiólogos.
A escola sente-se responsável pela aprendizagem de todas as crianças e adolescentes, porém, não podemos nos responsabilizar por tudo; o estado e a família também tem que fazer a sua parte, como a própria Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente afirmam.  
Preocupamo-nos com a situação da Educação Integral quando se diz respeito a permanência da criança por tantas horas na escola. A escola está assumindo a parte da alimentação da criança, dos hábitos de higiene, de relacionamento, de convívio social, de troca de conhecimentos, enfim com a aprendizagem como um todo. Agora já ouvimos discussões do tipo: necessidade das crianças tomar banho, ir ao médico, ao dentista, tomar remédios, fazer tratamentos de saúde... Será que os professores acabarão tendo que se responsabilizar por esses atendimentos também? Isso também vai fazer parte do currículo escolar? Hoje a escola está assumindo a parte da família de educar as crianças, dos limites, direitos e deveres. Muitas famílias delegam a escola a trabalhar o respeito, a afetividade, que seriam base da educação de todas as crianças. O que mais nos espera?