segunda-feira, 9 de julho de 2012

Currículo, cultura e conhecimento escolar

O que eu considero relevante sobre currículo, cultura e conhecimento escolar?
Previamente, quando pensamos em currículo escolar lembramos dos conteúdos programáticos, da grade curricular, da divisão e particularidade das disciplinas escolares, em cada fase escolar. Com a análise e estudo referente ao currículo passamos a entender que este vai além da organização dos conteúdos transmitidos. Precisamos pensar nas intenções desta organização, ou seja, no porque desta seleção de conteúdos. Lembramos das intenções, do que não é dito, mas expresso intuitivamente ao se trabalhar determinados temas, lembramos também a maneira que estes assuntos são repassados, as metodologias de ensino, o tempo e o espaço destinado a diferentes disciplinas, a organização das turmas de estudantes, enfim analisamos o currículo que não é escrito ou falado, o currículo oculto.
Quando pensamos na palavra cultura, pensamos nos conhecimentos culturais, sociais, conhecimentos estes que podem ser populares ou científicos. A escola prioriza através do currículo, o conhecimento científico, a alta cultura. No currículo escolar faz-se uma seleção da cultura que se deseja trabalhar com os estudantes, para isso tem-se alguns critérios de seleção. Nesta seleção observamos as relações de poder, ou seja, por que determinada cultura é valorizada mais enfaticamente. Refletimos sobre a influência da cultura europeia na construção do currículo brasileiro.
Discutimos a importância de compreender o conhecimento escolar, como a junção do conhecimento popular com o conhecimento científico. Partimos dos conhecimentos dos alunos, das suas experiências de vida, porém precisamos ter o cuidado para não simplificar o conhecimento, ou seja, trabalhar o mínimo, somente estudar o que está próximo do estudante, pensando que os mesmos não compreenderão além disso. Quando se fala em partir do conhecimento do aluno, estamos falando do início do processo, porém é necessário ampliar o conhecimento trazendo referenciais novos, conhecimentos das diversas áreas, buscando fazer a análise dos temas abordados em sala. O estudante precisa estabelecer um significado para cada área do conhecimento, para a partir daí, poder compreender o que está sendo dito e fazer suas análises e críticas.
Ao fazer a análise dos livros didáticos utilizados nas escolas, observamos o que está escrito, ou seja, os conteúdos apresentados, mas também podemos verificar através das imagens, da organização dos textos e exercícios, da repetição de determinados temas, as intenções curriculares. O estudante ao manusear um livro primeiramente visualiza as imagens, as formas de apresentação do material, as letras coloridas, maiores, depois é que o mesmo vai verificar os temas abordados, o conhecimento explícito. A forma com que o professor vai trabalhar os temas e a criticidade pelo material impresso deve também ser analisado. 
De acordo com Sacristan (1997) a cultura escolar vai além dos conhecimentos, da cultura intelectual, pois agrega a educação moral, atitudes, entendimento de mundo. Desta forma a cultura escolar perpassa também pelo conhecimento popular, pelas relações entre os agentes curriculares, pela organização do ambiente escolar.
A seleção cultural dos conteúdos e a legitimação dos saberes são fatores importantes na constituição da cultura escolar, pois delimitam o que é mais valoroso na construção do conhecimento.
Pensando assim o conhecimento escolar é tudo aquilo que se aprende na escola, o que está implícito e explícito no currículo.
Para que este conhecimento seja o mais objetivo possível precisamos superar o senso comum de que o que vale a pena ensinar na escola é o conhecimento científico e admitir a pluralidade de conhecimentos, ou seja, não podemos valorizar mais um determinado conhecimento do que outro, mas precisamos aprender a complementá-los, relacioná-los entre si. Buscar a medida certa, não desvalorizando nenhum tipo de conhecimento, nem enaltecendo. 

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