sexta-feira, 2 de novembro de 2012

IV Seminário da Educação de São José

 Nos dias 29, 30 e 31 de outubro de 2012 aconteceu o IV Seminário da Educação de São José no Centro Multiuso, na Beira Mar de São José, Santa Catarina. Este teve como tema central "Currículo: democratização do conhecimento". Nas palestras e conferências foram apresentados temas como: avaliação escolar, conselho escolar, gestão democrática, política da educação integral no Brasil, educação inclusiva, pluralidade cultural, currículo como prática social e cultural, além de diversas oficinas e apresentações orais de temas variados na área da educação.

 
 A seguir seguem as projeções utilizadas em uma apresentação oral que fiz no dia 29, no CEM Maria Luiza de Mello para os professores da rede municicipal de ensino de São José.




























sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Caminho da interdisciplinaridade na escola de educação integral - uma experiência que está sendo construída.
Em primeiro lugar é importante que os profissionais da educação conheçam ou construam o currículo da educação integral. Neste caso, grupos de estudos serão necessários, planejamentos e muitas discussões a respeito das preocupações que envolvem o trabalho a ser desenvolvido na escola em tempo integral, com todos os profissionais que atuam com o mesmo grupo de alunos.
Como na escola em que trabalho a construção do PPP, do planejamneto anual e da proposta de trabalho estão sendo construidas concomitantemente com a implantação do programa da educação integral em tempo integral as dificuldades apresentam-se muito claras, pois são emergentes, precisam ser logo analisadas e solucionadas (dentro do que for possível).
Temos um horário semanal de planejamento, e hoje, com o entrosamento dos profissionais que estão juntos desde o começo do ano, conseguimos planejar atividades de maneira interdisciplinar. Temos um tema gerador, vários profissionais sugerem as atividades que podem ser realizadas, pensando nas diversas áreas de conhecimento que são trabalhadas no programa de educação integral. As atividades passam a ser organizadas de maneira que se uma complemente a outra e aborde o tema gerador na maioria das áreas de conhecimento (disciplinas tradicionais e as extra curriculares como: dança, música, artes visuais, filosofia).
Como ponto positivo já percebemos a parceria entre os professores ao trocar informações sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas e sobre a aprendizagem dos alunos. Estes por sua vez demonstram mais interesse e compreensão das atividades desenvolvidas, pois estão co-relacionadas nas diversas áreas de conhecimento. Quando possível, promovemos passeio de estudo que complemente o estudo  efetuado.
Trabalhamos a autonomia dos profissionais da educação quando oportunizamos que decidam o que e como trabalhar, dentre os conteúdos programáticos necessários para cada grupo de alunos. Nós, enquanto equipe pedagógica, coordenamos o processo pelo qual se desenvolverá as atividades, apoiando os professores no que for necessário. 
Nos momentos de planejamento e formação dos profissionais oportunizamos momentos de pesquisa e instigamos os professores a ampliar sua pesquisa.  
Um outro ponto positivo é que ao desenvolvermos um trabalho interdisciplinar, com um tema gerador, outros colegas da escola, profissionais ou não da educação, trazem contribuições, ideias do que ou como pode ser trabalhado com os alunos, complementando o trabalho.
Para ser mais clara vou citar o trabalho que está sendo desenvolvido neste momento no CEM São Luiz . As turmas de 1º ao 5º ano estão trabalhando as diversas culturas que influenciaram nossa cidade. Cada turma escolheu a cultura de uma região do mundo: alemã, italiana, africana, portuguesa, espanhola. Nos momentos de planejamento, as atividades foram programadas e organizadas para serem desenvolvidas neste bimestre, finalizando com uma exposição dos trabalhos concluidos, como uma feira de conhecimento. Desta forma todos os profissionais estão empenhados em pesquisar atividades variadas que podem enriquecer este trabalho. Os alunos ja estão percebendo o envolvimento dos professores, na sequencia das atividades trabalhadas. Ex: os professores de dança e de música estão trabalhando com cada turma de acordo com a cultura pesquisada, em parceria com os professores regentes. Os professores regentes das turmas de 1º ao 5º ano conversam sobre o que estão desenvolvendo com seus alunos e um dá sugestão para o outro. As turmas também interagem entre si, apresentando as atividades que estão sendo realizadas. Enfim, o trabalho está fluindo de maneira prazerosa para todos, assim como produtiva do ponto de vista pedagógico.
Resumindo, acredito que o caminho da interdisciplinaridade na escola de educação integral passa por várias etapas, ou melhor, necessita de alguns pré-requisitos:

  •  ter um grupo de profissionais comprometidos com o trabalho da escola, de preferência que tenham um vinculo com a mesma (efetivos, ou que estejam um certo tempo juntos)

  • tempo para formação dos profissionais, planejamento e pesquisa garantidos semanalmente

  • valorização dos profissionais, onde estes se sintam respeitados no ambiente em que trabalham

  • participação dos professores na gestão escolar, compartilhando os interesses 

  • condições para pesquisa, motivação pessoal e coletiva

  • trabalho em parceria, onde um perceba a importância do outro para melhor desenvolver seu trabalho.

  • conhecer a realidade da comunidade escolar,interesses, possibilidades e limites, antes de escolhar os temas geradores dos projetos, ou trabalhos
Quando um ou mais destes itens falhar, ou não ser efetuado, por infinitos motivos, o caminho será mais dificultoso e o resultado poderá ser comprometido, ou seja, o processo ensino-aprendizagem, a construção do conhecimento, saíra prejudicada. Resultando em profissionais da educação e estudantes desmotivados, irritados. 
 

 

 

 



 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Educação Integral e Currículo

CURRICULO, cultura e conhecimento escolar - O que seria importante considerar na perspectiva da Educação Integral?
Ao pensar na construção do currículo para a Educação Integral em escolas de tempo integral precisamos primeiro refletir sobre o que entendemos por educação integral.
De acordo com o que orientam as políticas públicas do MEC seria "a formação do indivíduo o mais completa possível". Esta definição é muito ampla e muito vaga ao mesmo tempo.
Para trabalhar a formação do ser humano em sua totalidade, precisamos contemplar a diversidade de culturas vivenciadas em nossa sociedade, assim como as diversas áreas de conhecimento e habilidades que podem emergir dessas áreas.
Quem conseguirá fazer esse trabalho e como isso acontecerá?
O que percebemos nas escolas que trabalhamos é que os professores estão se sentindo cada vez menos preparados para trabalhar. A dificuldade em lidar com problemas de falta de interesse, de limites,  de apoio familiar, de assistência social e psicológica aos estudantes, tem feito muitos professores refletir muito sobre sua profissão.
Podemos contruir um currículo lindo, que tenha como base a participação da criança  e de seus familiares nas decisões escolares, valorizando o conhecimento da comunidade escolar, buscando trazer para a escola diversos saberes da sociedade em geral, diversificando e ampliando as oportunidades de conhecimento através de aulas criativas, como aula passeio, visita a museus, teatro, áreas comerciais, enfim, podemos ter a melhor das intenções ao estudar e escrever o currículo para a educação integral. Porém o mais difícil é trabalhar, ou estar preparado para trabalhar as relações inter pessoais, os problemas de baixa autoestima, o sentimento de abandono, a desproteção, a carência afetiva, a agressividade, entre outros problemas que enfrentamos cotidianamente em nossas escolas.
Trabalhar o multuculturalismo é muito interessante; a diversidade de saberes traz em si muita aprendizagem para todos. Porém, o professor se vê despreparado para lidar com a complexidade de vivências que o estudante traz para sala de aula.


Ao assistir o filme "Escritores da liberdade" pude refletir sobre várias situações que vivenciamos na escola em que trabalho, que iniciou com a educação integral neste ano, ampliando a jornada escolar de 4 para 9 horas diárias, com as crianças do 1º ao 3º ano do ensino fundamental.
" Que responsabilidade estamos assumindo!"


Nossas crianças vem de famílias humildes, onde os responsáveis possuem pouco conhecimento escolar, ou seja, muitos pais são analfabetos, ou se dizem incapazes de auxiliar os filhos por falta de conhecimento, de paciência ou de tempo, por necessitar estar fora de casa por muitas horas para trabalhar. Muitas crianças convivem num ambiente familiar agressivo, alguns sofrem maus tratos. A escola sente falta de apoio para lidar com tais problemas, apesar de solicitar ao conselho tutelar, serviço de assistência social e de saúde do município, além da própria secretaria de educação.


Começamos o ano com a Formação dos professores que foram contratados para trabalhar com a educação integral. Eu, enquanto Orientadora educacional e participante da coordenação pedagógica da escola, senti-me angustiada com a construção do currículo destas turmas. Perguntávamos no grupo de estudo: Como será o dia destas crianças na escola? Que espaços serão destinados a elas? Como será para o professor regente ficar o dia todo responsável por este grupo de crianças? Como e o que incluir na rotina destas crianças?...
O que mais foi debatido na escola e nas reuniões da secretaria da educação do município foi a questão da alimentação destas crianças. Quantas refeições receberão? Em quais horários?  Temos um espaço propício para que estas crianças possam fazer suas refeições de maneira digna? Como fica a questão nutricional? Como será trabalhada a higiene destas crianças antes e depois das refeições? ...


Outra questão muito debatida entre os profissionais que trabalham com as crianças da educação integral foi o horário do almoço. O intervalo entre os dois turnos escolares, na qual o professor regente não está com sua turma. As crianças irão fazer o que depois do almoço? Elas precisam se descontrair, brincar, descansar...Irão brincar livres pela escola? Em que espaço? Elas precisam descansar do que, para que? Onde e como será oferecido este momento de descanso?
Neste momento aconteciam muitos atritos entre os alunos por estarem mais livres, com monitores que apenas os observavam ou, pouco interagiam com eles.


As professoras queixavam-se que ao retornar o trabalho com a turma, tinham que resolver os conflitos, sentiam dificuldade de desenvolver as atividades propostas por problemas de desinteresse e agitação das crianças.


Além das disciplinas tradicionais que compõe o currículo dos anos iniciais foram incluídas aulas de filosofia, inglês, música, artes visuais, xadrez e dança em horários intercalados durante o dia. Os profissionais que trabalham nestas áreas são todos formados em nível superior de acordo com a área que atuam e participam dos encontros de planejamento e formação oferecidos pela escola e pela secretaria da educação nas quartas-feiras a tarde.
Agora surge um grande desafio: como trabalhar a interdisciplinaridade com tantas áreas de conhecimento? Cada turma tem em média 8 professores. Buscamos temas que estão relacionados ao processo de alfabetização, que despertam o interesse das crianças, que respeitam suas vivências e valorizem suas conquistas.


Preocupo-me muito com a necessidade e o direito da criança de "ser criança", de brincar, de ter momentos de fantasia, de criar, de construir seus próprios brinquedos e brincadeiras, de ganhar atenção e carinho,  de ser cuidada, de sentir-se protegida e amparada. Deparo-me com situações de desconforto quando vejo uma criança de 6 ou 7 anos sendo questionada porque brincou na sala ao invés de fazer os exercícios propostos pela professora, "porque desta forma não vai aprender a ler e escrever"! (fala esta dos profissionais e dos pais) Sinto-me angustiada quando vejo os professores preocupados porque não conseguem dar aula, em função da falta de limites dos alunos, do desrespeito, do desinteresse. Assim como, fico ansiosa pela presença dos pais na escola para fazermos um trabalho em parceria, buscando atender as necessidades de cada criança em particular e não tenho retorno, ou seja, sinto a ausência desta parceria. 


Como pensar num currículo para educação integral sem pensar nestas situações vivenciadas cotidianamente. Estamos na metade do ano. Professores e alunos estão cansados. Alguns até esgotados. A cada dia que passa percebo que as crianças gostam da escola, de estar na escola, porém demonstram resistência ao processo de ensino-aprendizagem, às atividades pedagógicas. Percebo que os professores tem boa vontade, interesse em desenvolver um bom trabalho, mas sentem-se despreparados para tanta exigência, tanta responsabilidade, pois agora, os professores regentes precisam também se preocupar se a criança está se alimentando direito, está fazendo a higiene adequadamente, relaciona-se bem com os colegas, está feliz no ambiente escolar, está desenvolvendo suas habilidades. E quando encontramos respostas negativas, o que fazer? A quem recorrer?


Quando afirmamos que a escola é um espaço de humanização, de relações grupais, de troca de experiências, de multiculturalismo, precisamos lembrar que isto acontece com todos os seus agentes. Os profissionais que ali atuam estão em constante processo de adaptação e aprendizagem, visto que muitos a cada ano trocam de escola e experienciam realidades diversas.


Quando afirmamos que é importante respeitar o tempo de aprendizagem, isso serve para todos que estão na escola. Precisamos aprender a nos conhecer, conhecer quem está ao nosso redor, conhecer o espaço em que atuamos e as possibilidades de usufruir e atuar neste espaço.


Deparei-me com uma questão para refletir apresentada em sala, na pós graduação, na disciplina de currículo que penso ser muito instigante: Podemos trabalhar na escola, com um conhecimento problematizador e crítico?
Acredito que fazemos isso continuamente. Quando não fazemos, acredito que seja porque nos faltou "bagagem cultural" para trabalhar determinado conhecimento.


Exemplo: Como trabalhar questões de agressividade física e verbal entre crianças de 6 a 10 anos, que vivenciam situações desse tipo em seus lares? Como trabalhar questões de sexualidade com esta faixa etária, sabendo que estas crianças presenciam cenas impróprias para sua idade?  Como trabalhar questões de saúde e higiene com crianças que não tem condições mínimas de saneamento básico, nem banheiro em casa?


Sonhamos com um CURRICULO INOVADOR, com uma EDUCAÇÃO INTEGRAL real, de todos os cidadãos brasileiros, com PROFISSIONAIS valorizados e respeitados.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Currículo, cultura e conhecimento escolar

O que eu considero relevante sobre currículo, cultura e conhecimento escolar?
Previamente, quando pensamos em currículo escolar lembramos dos conteúdos programáticos, da grade curricular, da divisão e particularidade das disciplinas escolares, em cada fase escolar. Com a análise e estudo referente ao currículo passamos a entender que este vai além da organização dos conteúdos transmitidos. Precisamos pensar nas intenções desta organização, ou seja, no porque desta seleção de conteúdos. Lembramos das intenções, do que não é dito, mas expresso intuitivamente ao se trabalhar determinados temas, lembramos também a maneira que estes assuntos são repassados, as metodologias de ensino, o tempo e o espaço destinado a diferentes disciplinas, a organização das turmas de estudantes, enfim analisamos o currículo que não é escrito ou falado, o currículo oculto.
Quando pensamos na palavra cultura, pensamos nos conhecimentos culturais, sociais, conhecimentos estes que podem ser populares ou científicos. A escola prioriza através do currículo, o conhecimento científico, a alta cultura. No currículo escolar faz-se uma seleção da cultura que se deseja trabalhar com os estudantes, para isso tem-se alguns critérios de seleção. Nesta seleção observamos as relações de poder, ou seja, por que determinada cultura é valorizada mais enfaticamente. Refletimos sobre a influência da cultura europeia na construção do currículo brasileiro.
Discutimos a importância de compreender o conhecimento escolar, como a junção do conhecimento popular com o conhecimento científico. Partimos dos conhecimentos dos alunos, das suas experiências de vida, porém precisamos ter o cuidado para não simplificar o conhecimento, ou seja, trabalhar o mínimo, somente estudar o que está próximo do estudante, pensando que os mesmos não compreenderão além disso. Quando se fala em partir do conhecimento do aluno, estamos falando do início do processo, porém é necessário ampliar o conhecimento trazendo referenciais novos, conhecimentos das diversas áreas, buscando fazer a análise dos temas abordados em sala. O estudante precisa estabelecer um significado para cada área do conhecimento, para a partir daí, poder compreender o que está sendo dito e fazer suas análises e críticas.
Ao fazer a análise dos livros didáticos utilizados nas escolas, observamos o que está escrito, ou seja, os conteúdos apresentados, mas também podemos verificar através das imagens, da organização dos textos e exercícios, da repetição de determinados temas, as intenções curriculares. O estudante ao manusear um livro primeiramente visualiza as imagens, as formas de apresentação do material, as letras coloridas, maiores, depois é que o mesmo vai verificar os temas abordados, o conhecimento explícito. A forma com que o professor vai trabalhar os temas e a criticidade pelo material impresso deve também ser analisado. 
De acordo com Sacristan (1997) a cultura escolar vai além dos conhecimentos, da cultura intelectual, pois agrega a educação moral, atitudes, entendimento de mundo. Desta forma a cultura escolar perpassa também pelo conhecimento popular, pelas relações entre os agentes curriculares, pela organização do ambiente escolar.
A seleção cultural dos conteúdos e a legitimação dos saberes são fatores importantes na constituição da cultura escolar, pois delimitam o que é mais valoroso na construção do conhecimento.
Pensando assim o conhecimento escolar é tudo aquilo que se aprende na escola, o que está implícito e explícito no currículo.
Para que este conhecimento seja o mais objetivo possível precisamos superar o senso comum de que o que vale a pena ensinar na escola é o conhecimento científico e admitir a pluralidade de conhecimentos, ou seja, não podemos valorizar mais um determinado conhecimento do que outro, mas precisamos aprender a complementá-los, relacioná-los entre si. Buscar a medida certa, não desvalorizando nenhum tipo de conhecimento, nem enaltecendo. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O currículo como política cultural: Henry Giroux


                       APRESENTAÇÃO DO PPT NA AULA DO  DIA 01 DE JUNHO









Referência:
SILVA. Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade, uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002, p. 51 - 56.